Igreja do Espírito Santo, Caldas da Rainha, Domingo 30 de Junho, 2019, 19:00. Perante música (de câmara contemporânea e improvisada) desta, o melhor é deixar as imagens falar (cortesia Susana Valadas). Segundos antes de o nómada yankee atacar o penúltimo tema, sussurro à minha cara-metade. – Isto tem qualquer coisa de… Banaras… Eis senão quando o Ricardo Bispo, nome de seu avatar em território tuga, levanta os olhos da guitarra e anuncia um tema (o segundo ou terceiro em open tuning) que, esse sim, e de forma evidente, ressoou o conhecimento oriental, como se os blues tivessem mergulhado no Ganga e saíssem a pingar de desejo de iluminação. A coisa tanto foi assim que, na parede, o movimento espectral de uma mancha de luz, matizada por reflexos arbóreos, não quis deixar de fazer parte. Foi a primeira vez que assisti a um evento do Grémio Caldense, e posso apenas dizer que fomos, aquelas poucas dezenas de privilegiados, os felizes contemplados com um inusitado – de tão humilde – concerto de um all-American sadhu. Passe o exagero. Retenha-se, isso sim, o silêncio compassivo que se seguiu ao estertor final do feedback da guitarra ecléctica. Thank you, Sir Richard Bishop.
Nota final. Sobre o cartaz. A Nayara (Siler) está com o pé quente. Cada cartaz da programação do Faroeste é um festim de singeleza.